Woodstock no Século XXI

Se cada época tem o festival que merece, será que o século 21 seria um lugar adequado para um novo festival de Woodstock?

fiquei me perguntando isto ao receber a notícia que uma comemoração aos 40 anos do mítico festival está sendo pensada para o próximo verão americano. Não que seja de todo ruim, afinal a marca é muito forte, mas a associação de qualquer festival com o clássico deveria ser analisada sob outro prisma.

Os anos 60 foram anos de ruptura política e principalmente comportamental, seu maior eco é justamente o supra citado festival, que nasceu sem maiores pretensões e se tornou um marco justamente por  isto, pelo impacto de culturas que não tinham a princípio outro denominador comum que não não fosse a ousadia e a liberdade de expressão numa época onde os meios comunicação tinham uma função e propósitos bastante distintos dos que tem hoje.

A década de 90 tentou reviver Woodstock e fez feio, poderia ter sido qualquer festival, com qualquer nome, mas o fato de se auto proclamar uma reedição teve um efeito nefasto sobre o evento, algo como tentar construir um novo world trade center, para ficar em uma analogia próxima. Por mais que se chamasse world trade center, fosse no lugar do world trade center e tentasse se parecer com as torres destruídas no 11 de setembro, não apagaria da memória coletiva do planeta o caráter devastador do evento que culminou na queda das torres, seria uma simples e pálida sombra, um monolito à memória de uma geração.

O festival de woodstock é algo próximo em uma direção oposta, ingênua até, belo por ser utópico, impactante por ser espontaneo e único por ter sido gerado em uma conjutura própria, por fatores que não se repetirão em nenhum outro momento.

A lembrança profanada tem um peso imenso, ela –a lembrança-jamais poderá ser copiada em sua integridade o que é uma virtude, já a sua cópia nasce como um bebê acéfalo, com o corpo completo, porém sem o motivo de sua existencia !

0 comentários: