As Piores capas de 2007


Ando me repetindo nos últimos posts na minha implicância com as listas, pelo fato delas não acrescentarem nada, por serem pessoais ou editoriais demais, enfim, por uma série de razões que, colocadas lado a lado, não constituem exatamente uma ojeriza, talvez uma má vontade!
Estava dando uma olhada nos blogs e páginas de revistas gringas atrás da raspa do tacho de 2007, do que seria tendência para o ano que começa semana que vem ou simplesmente pra descobrir quem passou batido - e muita coisa passou batida - pois desde já reconheço que o ano de 2007 foi bastante especial para a música, independente ou não.
Me deparei então com duas listas, uma da Pitchfork  e outra da Idolator ,ambas sobre o mesmo tema:

                   As PIORES capas de álbuns de 2007.


As capas de discos, originalmente deveriam somente servir de moldura para a identificação do artista, estavam inseridas na idéia de álbum, cujo conjunto era composto por canções, parte gráfica, letras , ficha técnica e agradecimentos.
Com a evolução do mercado e já alçado a condição de objeto cultural, as capas passaram a ter tanta, em alguns casos até mais, importância do que a música que compunha o conjunto, sendo , em um dado momento, o principal referencial mercadológico de uma banda , de um selo ou mesmo de um estilo.
Andy Warhol, nos anos 60, lançou o conceito de Pop Art, e , paralelamente a ele , a capa do primeiro álbum da banda que apadrinhou, o Velvet Underground , polêmica por esconder sob a banana que a ilustrava a foto de um pênis, tendo sido censurada e posteriormente lançada sem tal menção.
O impacto maior desta capa foi a assimilação imediata das gravadoras, em plena contra cultura - não bastava ter uma capa bonita, ela tinha que ser polêmica-
A disputa pela melhor capa se acentuou com o duelo Beatles x Stones, cujas capas passaram a ser esquadrinhadas minuciosamente, servindo até de combustível da paranóia política persecutória que marcou aqueles anos.
Nos anos 70, com o advento do Rock progressivo, as capas passaram a exprimir um conceito, uma introdução ou síntese da obra, The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd, talvez a banda das capas mais criativas, é considerado um marco, um ícone até hoje.
Na sequencia, o Punk mudou as regras, mandou os conceitos de mercado as favas: três acordes, letras sem firulas e capas diretas, como a de Nevermind The Bollocks, dos Sex Pistols. Vieram então os anos 80 e com eles as super produções, as capas mega elaboradas, em contrapartida, as capas das bandas com influencia Pós Punk ,os New Romantics e mesmo as bandas de Hardcore ,recuperavam a idéia de conceito, descartada pelos punks , passando a contextualizar a musica através da imagem.
Nesse interim e correndo paralelo a toda essa movimentação, surgiram os elementos que identificavam as bandas de Heavy Metal (Cruzes, cemitérios, monstros como o Eddie , do Iron Maiden) e as imagens icônicas do Reggae e da Black Music cada um agregando valor e criando uma referencia visual para um estilo musical.
Os últimos suspiros de arte conceitual em capas de álbuns foram nos anos 90, quando o vinil já havia sido substituído pelo CD, e as capas não necessariamente ostentavam a elaboração de outrora, bastava uma boa idéia como sinalizava Nevermind, do Nirvana.
A Digitalização da música, neste século, tornou a capa um artefato secundário, item que importa mais a saudosistas da era do vinil do que propriamente para a massa de conssumidores de Ipods e mp3 players.
Mas para estes saudosistas, pessoas a quem manusear uma bela capa era quase um contato com uma obra de arte, uma boa capa ainda reflete muito do som da banda, ou da intenção do selo e até mesmo da qualidade da música que compõe o pacote.
Por isto essas listas me chamaram tanto a atenção, menos pelos artistas citados, mais como evidencias da extinção de uma arte, cujos mecanismos permanecem, mas os elementos se dissipam.

Vídeo: Album Cover Galore - A Batalha das Capas -

Ceremony By Radiohead

A banda mais criativa dos 90's tirando um cover da banda mais influente dos 80's em pleno final de 2007, isso é o que chamo de atemporalidade !

As Listas....



Já começaram a pipocar aqui e ali as famigeradas listas de Fim de ano, em todas elas algumas figurinhas carimbadas irão bater ponto, como por exemplo, o evento cinematográfico do ano: Tropa de Elite.
Em outras, para se diferenciar do previsível, surgirá alguma banda ou filme que você não ouviu falar nem no blog do seu amigo mais antenado.

Listas, como já citei em outro tópico, são invenção Britânica para encher lingüiça nos tablóides, que se alastraram feito praga mundo afora , por sua capacidade de sintetizar uma idéia comum ou de criar polêmica.

O fato é que a polêmica causada pelas listas é exatamente o que mantém o interesse nelas, a divergência de opiniões e um foco de vista pessoal ou editorial é o combustível que alimenta essa pequena (ou grande, dependendo do objeto a ser
listado) manifestação de maniqueísmo midiático.

A Lista dos 10 discos do ano, dos 10 Filmes, dos 10 escândalos, toda publicação que se preze, da mais renomada a mais medíocre fará sua seleçãozinha de acordo com os seus critérios de bom e ruim ,e esses, diga-se de passagem , são tão subjetivos quanto o conceito de bom gosto, varia de acordo com o interesse de cada grupo.

A década de 90 assistiu uma dissociação nunca antes vista em termos musicais no tocante a estilos, enquanto nas décadas anteriores os limites de um estilo eram bem definidos,o que era Country era Country, o que era Hard Rock era Hard Rock e o que era eletrônica era eletrônica, a partir daquela década passou-se a agregar denominações distintas a um mesmo estilo baseando-se, mais uma vez, em subjetivismos e limites tão tênues quanto a quantidade de BPM (Batidas por Minuto) de uma música.

Surgiram termos como Low Fi, Nu Metal, Ragga, Ambient, Techno entre outros e estes se subdividiram em uma centena e meia de subcategorias que tornaram impraticável listar um desses subgêneros sem o risco de invadir a seara de uma sub sub categoria antagônica.

Por esse motivo as listas hoje parecem grandes balaios de gatos , sem um objetivo claro, exceto listar o que se convém, o que participa da linha editorial de quem publica, e , nesses casos, esvaziada a polêmica – o combustível das listas- pela empatia do público, perde-se a essência do recurso.
Tentei quebrar a cabeça e elaborar alguma listinha, por menos representativa que fosse, baseada na conceituação inicial, mas o máximo que consegui foi relacionar um outro fato desconexo que me chamou atenção durante o ano, de qualquer forma, segue abaixo:


Evento Pirotécnico do ano:

O Apagâo aéreo

Personalidade do Ano

Ângelo de Jesus, lavrador de Pindobaçu que tentou invadir o senado pra falar com Lula

Disco do ano
Ate agora, In rainbows- Radiohead, menos pelas músicas, mais pela inovação.

Filme do Ano

Control

Celebridade do Ano
Amy Winehouse

Melhor apresentação
Britney Spears, no VMA (pelo menos, a mais engraçada)


Melhor Retorno de banda
My Bloody Valentine

Programa de TV

Por Toda minha vida, sobre Renato Russo (bem feitinho)

Tropa de Elite do Ano (Sim ,isso já é uma categoria)

O Recolhimento da biografia de Roberto Carlos

Show do Ano (No Brasil)
New Model Army (Tô devendo um post sobre eles)