Sumo, Luca Prodan e o Rock Argentino

Existe uma história pouco conhecida no Brasil sobre o o ponto de ruptura do Rock Argentino, de tudo o que ele era e do que passou a ser, essa história passa invariávelmente por Lucan Prodan e sua banda: Sumo.

As raízes do Rock em solo portenho não são diferentes do desenvolvimento do gênero no resto do continete sul americano.

Ao final dos anos 50 , garotos influenciados pelo Rock’n’roll de Elvis, Chuck Berry, Little Richard e Buddy Holly decidiram formar bandas, no entanto, pelas características linguisticas do continente, assumiram influencias também de bandas de rock mexicanas, como Los Teen Tops, Los Blue Caps, and Los Locos del Ritmo, que faziam versões dos clássicos norte americanos em Espanhol.

Nos anos 60, enquanto o Brasil tinha a sua Joven Guarda, na Argentina havia talvez a primeira gande banda de sucesso local, Los Jets, que faziam algo muito parecido com que a Jovem guarda propunha no país, recriar clássicos dos Beatles para consumo local. No entanto, dois momentos distintos definiram a vocação do país como celeiro de grandes bandas, o primeiro movimentos, chamado Nueva cancion, surgiu quando influenciados pela música folk britanica, jovens portenhos assimilaram música dos pampas e country music para criar um importante pilar do desenvolvimento de uma musicalidade própria .

O segundo movimento, denominado a invasão uruguaia, ocorreu quando bandas uruguaias influenciadas por Beatles ,Stones e The Who e cantando em Inglês assinaram contratos com selos argentinos e cruzaram o rio prata, passando a se apresentar em programas de TV locais. Nos anos 70, seguindo a tendencia do que acontecia no resto do mundo, o Rock progressivo e o Heavy metal também trouxeram movimentos importantes para a música daquele país. Porém foi entre os fim dos anos 70 e início dos anos 80, com advento da guerra das malvinas, que o rock argentino como o conhecemos passou a definir suas feições, e ninguém foi tão importante e venerado naquele período quanto o Italiano Luca Prodan e sua banda, Sumo.

Prodan havia vivido na Escócia nos anos 70, onde, segundo o mesmo, teria estudado com o príncipe Charles , presenciado o nascimento do Dub Jamaicano e participado das origens do movimento punk, tendo tornado-se amigo de Ian Curtis, cuja morte o abalara profundamente, além disso, tornou-se dependente de heroína, vício que tentou livrar-se mudando para a Argentina e posteriormente formando a banda que definiria o rock local.

Os shows do Sumo eram eletrizantes e as letras, algumas em inglês, causavam controvérsia, uma vez que a guerra contra a Inglaterra pelas ilhas malvinas (Falklands) havia produzido uma espécie de censura sobre tudo o que era produzido neste idioma.

O primeiro registro da banda chama-se "Corpiños en la madrugada" gravado em fita de cassette e com distribuição limitada .

Em 1985 gravaram seu primeiro disco "oficial" ,"Divididos por la Felicidad" ,em uma relação com o nome do Joy Division, grande influencia de Prodan, assim como o reggae de Bob Marley e também funk e post punk. O principal hit do albúm foi "La rubia tarada".

Em 1986 gravaram "Llegando los monos", segundo disco com influencias de ska e hardcore, mas sem abandonar a estética post punk. Algumas músicas se tornaram clássicas como "Estallando desde el océano", "El ojo blindado" e "Nextweek". Deste disco saiu o hit "Los viejos vinagres". No mesmo ano, realizaram um concerto épico no Buenos Aires' Obras Sanitarias onde se consagraram como uma das bandas mais provocativas do período.

Em 1987 gravaram seu terceiro e último disco: "After Chabón" album em que demonstram grande maturidade musical, como no caso da canção "Mañana en el Abasto" onde Prodan descreve uma visão particular e emotiva de um bairro típico da Capital Federal, Buenos Aires.

Prodan foi encontrado morto em sua casa em uma terça feira, 22 de dezembro de 1987, dois dias depois de seu último show , no Club Atlético Los Andes onde compareceram cerca de 500 fãns.

Estava sobre a cama, em posição fetal e com um sorriso no rosto, tinha 34 anos. Sua morte precipitou o fim do rock bonairense pos-malvinas. Segundo os médicos, havia morrido de cirrose, existem ainda outras versões, como ataque cardíaco e mesmo overdose.

Sua morte tornou-o um mito do rock argentino, o careca responsável pela banda argentina mais carismática, original e poderosa até hoje. Uma história parecida com tantas outras  mas cujas circunstancias finais  se assemelham bastante com o trágico fim de um outro mito, este, Brasileiro: Raul Seixas.

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