Thriller : 25 Anos Depois

Em 1984 eu tinha nove anos e lembro que assisti escondido ao clip de thriller, em sua reprise, no fantástico ! havia propaganda o tempo todo na TV, a música já tocava na rádio e principalmente, Michael Jackson, naquela época, estava em todo canto.Como só tinha nove anos, naturalmente, não tinha como mensurar  o impacto do disco  e nem dos clips na cultura pop e muito menos imaginar quem tinha sido aquele rapaz negro que dançava  como eu nunca tinha visto.Minha mãe já havia visto o clip, na semana anterior e o considerou inadequado para crianças, mas eu achava uma sacanagem só eu não ter assistido ainda, todo mundo na escola só falava daqueles zumbis dançantes, do clima de filme de terror, alguns só conseguiram dormir devidamente acompanhados por suas mamães, mas ,claro, não admitiam.Os comentários me aguçavam  a imaginação, era um clip? Um filme de horror? Um quadro do fantástico? Ia virar série? Era tudo uma incógnita ,ao mesmo tempo lúdica e  excitante.As amigas da minha mãe, adultas chatas, falavam que tinham ficado chocadas, que crianças choravam, ficariam traumatizadas, que era um absurdo um negócio daquele passar num horário onde haviam crianças assistindo ( e olhe que na época lembro de dormir cedo, ao menos pelos critérios atuais). Não imaginava aquele rapaz que passava uma imagem tão tranqüila na TV, cara de bom moço, que tinha umas musiquinhas tão legais tocando na rádio, como uma figura ameaçadora, um criminoso em potencial, mas acho que a partir dali comecei a entender na prática um fenômeno que só conheceria na teoria uns bons anos depois, o Marketing.Essa semana ouvi o álbum comemorativo de 25 anos de lançamento de Thriler e aquele garotinho de nove anos saiu por aí cantarolando aquelas musicas que fazem parte do inconsciente coletivo Pop, todas elas. Falar sobre Thriler, o álbum , é redundante, sobre seu impacto na cultura pop, desnecessário, o disco mais vendido da história da música não só consolidou Michael Jackson como astro como trouxe a tona  toda uma série de efeitos colaterais, para o bem e para o mal.À época Recém criada MTV teve grande parte da culpa, pois , também como fenômeno recente , precisava de lenha para sua fogueira, e Michael era uma fonte inesgotável.A cultura negra norte americana, ainda sem a paranóia do politicamente correto, ganhou o mundo, através do Break, da moda, da música e para onde quer que se virasse, havia-se Michael Jackson, da propaganda da Pepsi, - onde ocorreu o fatídico acidente que o fez perder parte dos cabelos -  ao filme ET, cuja narração original de Michael fora subtraída da versão final, oficialmente por problemas contratuais com a Sony, oficiosamente para não ofuscar o filme.  We are the World, we are the children, e lá estava Michael também.Em 1987, ainda apoiado em uma bilionária campanha de marketing, Michael lançou BAD, um disco que nem de longe se comparava ao êxito anterior. Thriller não era o primeiro disco de Michael, longe disso, era o 6° de sua carreira solo, desde que abandonara o Jackson 5, mas incorreu na síndrome no segundo album, aquela onde o cantor ou banda criam uma expectativa tão grande em relaçâo ao próximo trabalho que qualquer deslize pode ser fatal, e no caso de BAD houveram vários deslizes, ainda assim, o albúm teve vendagem astronômica, perto de 36 milhões de cópias, e emplacou pelo menos 5 músicas na primeira posiçao nos EUA.Durante a divulgação de BAD, a publicação de excentricidades sobre a vida de Michael adquiriu contornos enfáticos. Verdades e calúnias  tornaram-se parte do mito criado em torno de Jackson. Foi noticiado, por exemplo, que o astro tentou comprar os ossos e roupas de John Merrick, o Homem Elefante. Que ele teria uma parte do próprio nariz, retirada em cirurgia plástica, conservada em uma jarra dentro de casa. Que dormia em uma câmara hiperbárica para retardar o envelhecimento.O que se seguiu após, de consideráveis fracassos comerciais à famigerada perseguição dos Paparazzi, dos inúmeros escândalos sexuais aos casamentos, só aumentavam a percepção de alguém infeliz e sufocado com pelo próprio sucesso.Hoje com tantas Amys e Britneys soltas por aí com uma garrafa na mão e muitas drogas na cabeça, Michael Jackson se tornou desinteressante para as colunas de fofocas e talvez seja por isso que a reedição de Thriller seja tão bem vinda.Após os últimos 20 anos de infelizes incursões pelas páginas policiais e da divulgação de suas excentricidades, de calunias e erros crassos de auto promoção,  finalmente temos a oportunidade de ouvir  Michael Jackson fazendo o que ele sabe fazer como poucos: a música, e de quebra, em sua melhor forma!
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1 comentários:

  caleidoscópio

9:07 PM

Alê, só vc mesmo pra tecer Michael assim, como realmente foi. Tem músicas dele que são DEMAIS!as antigas , claro! e nós que somos de tempos tão áureos ein?? aff! será que estamos tão velhos assim????