Kraftwerk e o conceito de Pirataria

kraft

O Conceito de pirataria já se alterou muitas vezes no decorrer da minha trajetória com apreciador de boa música (pelo menos para quem compartilha meu gosto musical).

Se na minha adolescencia um disco pirata significava quase uma encarnação divina, um hiróglifo perdido vendido a um preço altíssimo pela exclusividade da peça, no início da idade adulta o conceito, por razões financeiras, migrou para algo como:

O produto que eu quero consumir pelo preço que eu posso pagar 

Era uma época em que um CD pirata era vendido por cerca de 10 reais em poucas bancas de camelô, ainda.

Depois a pirataria adquiriu um caratér subversivo, danoso, criminal, sendo posta ao  lado do tráfico de drogas como atividade criminosa mais rentável no País, dentro de um mesmo contexto, pois sem o consumo não haveria a produçâo e nem a comercialização.

Sem levantar nenhum tipo de bandeira e por compreender que respeito a direitos autorais é uma questão de cidadania, optei por não consumir produtos piratas, e, no decorrer dos anos seguintes, procurei conhecer bandas através da internet e , caso a música me chamasse atenção, procurar o material original. Passei a compreender o download como uma forma de divulgação que não fica presa a um formato midiático, pois, assim fosse, como se iria enquadrar as centenas de milhares de sites que disponibilizam albuns para download gratuitamente.

Bandas como o Radiohead, cujo In rainbows foi lançado em um movimento inédito , para download pelo preço que o consumidor achasse que devesse pagar (e rendeu mais do que Hail to the Thieve, penúltimo album da banda) e Artic Monkeys, cuja divulgação e aparição se devem exclusivamente à rede, corroboram o argumento de que o download hoje serve muito mais como marketing do que como pirataria.

Lamentávelmente, pessoas fora da realidade do mundo atual, que se esforçam em manter um muro ao redor da informação e agem como se estivessem vivendo há 30 anos, andam perseguindo comunidades de download no orkut, algumas, como a Discografias, que contam com cerca de 800 mil participantes, quase a população de uma cidade de médio porte.

Essas pessoas, para quem a ditadura ainda não acabou, não tem argumentos claros, macaqueam um comportamento Norte americano tão datado quanto o conceito de pirataria que eles defendem.

Nos anos 90 foi forte a perseguição aos primeiros programas de compartilhamento de arquivos,Já falamos sobre isso aqui na Toca , e um dos mais ferrenhos defensores da punição a quem compartilhava arquivos pela internet foi Lars Ulrich, baterista do Metallica, que recentemente declarou que isto (download) é uma realidade do mercado atual e ponto.

Portanto, argumentar o que pode e o que não pode em outubro de 2008 é como discutir o direito das mulheres ao anticoncepcional nos anos 60, é inútil e infrutífero, pois já é um comportamento amplamente difundido e ninguém vai parar de fazer por que meia dúzia de censores ressucitados que desconhecem a complexidade do mercado atual acham que é errado.

Para fechar esse post sobre pirataria com chave de ouro, deixo um inacreditável albúm pirata do Kraftwerk* (Parte I e Parte II) , provavelmente gravado nos anos 80 e lançado exclusivamente em vinil, extraído do blog: MUNDO ESTRANHO DE PB

Enjoy It

Saudações Centaurinas

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