OS POETAS ELÉTRICOS - ESTIRADO NO ESTIRÂNCIO

Belíssimo novo clipe dos Poetas Elétricos!

Malcom Maclaren

Um dos maiores sintomas de que sua geração está virando lenda, passado, é quando ícones dela começama morrer por, digamos, causas naturais.

A morte faz tão parte do contexto Pop-Rock universal que é atribuída e dedicada a ela alguns dos maiores clássicos, albuns da música, que, naturalmente , não vou discorrer aqui sob pena de perder o foco, isto fica para outro post. O fato é que analisando este blog do ano passado para cá percebi que já já vou ter que inventar uma seção de obituário.

Algumas mortes no meio artístico nos pegam de surpresa, outras nem tanto, em 94 por exemplo, mesmo com cancer, fiquei triste e surpreso com a partida de Frank Zappa, o que não aconteceu com Kurt Cobain, por exemplo, pois era natural -incrível usar este termo- mas era previsível que isto fosse ocorrer.

Como Tim Maia, por exemplo, cuja morte era tão previsível quanto , de certa forma, esperada- pelo estilo de vida do cantor-

Outras mortes nos pegam de calça curta, quando John Hughes se foi, no ano passado, toda uma geração em torno dos 30 anos , que cresceu se identificando com filmes como “O Clube dos 5”, “Garota Rosa-Shocking” e , claro, “Curtindo a vida adoidado” sentiu-se meio orfã. Isso sem falar em Michael Jackson, claro, cuja causa da morte poderia facilmente resvalar em uma teoria conspiratória, mas que a grosso modo, foi um erro médico banal induzido por anos de abuso de medicamentos.

Aí, hoje a tarde, abro um site de notícias qualquer e dou de cara com a notícia da morte de Malcom Maclaren, nunca ouviu falar? ok, se vc tem menos de 30 e nenhum interesse por música e comportamento, tá perdoado, caso contrário, meus sinceros pêsames.

Malcom foi talvez o maior responsável, ao lado de Viviene Westwood, pela última grande encarnação do Rock como manifestação comportamental, não a última, mas a mais importante, e tudo o que veio depois, de uma maneira ou de outra, se baseou no conceito criado por eles.

O Punk Rock já existia, nos porões Nova Iorquinos e nos suburbios de Londres, atraves de tres acordes distorcidos, uma postura agressiva e letras idem, comportamento anti social refletido em letras inconformistas que iam da sublime poesia de Pati Smith, passeava pelo virtuosismo musical do Television, pela postura política do Clash, o dadaísmo do Ramones e encontrou sua forma mais emblemática justamente em uma banda criada por um produtor e uma estilista,com garotos escolhidos pela vizinhança não necessariamente por atributos como beleza e talento, o Sex Pistols foi uma canalização de uma época, de um comportamento ,levado às últimas consequencias estéticas e , por que não, musicais, uma vez que ninguém alí dominava sequer o instrumento que tocava, mas O Pistols se tornou a marca registrada do que conhecemos com Punk -não Só Rock, mas o Punk como elemento representativo de uma vanguarda visionária-

A morte de Malcom, vítima de cancer, aos 64 anos, pontua o fim de uma era , que já  havia acabado, sido assimilida, a uns 30 anos , no mínimo, pois a revolução criada pelo movimento Punk, previsivelmente, sucumbiu à maturidade de seus representantes, Malcom, raposa velha, captou isto, este espírito iconoclasta, incapaz de sobreviver aos primeiros sinais da idade adulta, onde o mesmo se encontrava quando farejou a mina de ouro, e assim,em um arroubo criativo,tal qual um Andy Warhol do Showbusiness,sem um talento artístico específico,conseguiu  gravar seu nome na história moderna da arte, da moda e da música.

RIP Malcom Maclaren